Ana Paula Meneghetti
A assessora parlamentar Gisele Anselmo tem só 36 anos, mas boa parte da sua vida já foi e ainda é dedicada aos animais. Aos 8 anos, ela convenceu a mãe que queria ter um gato. “Chamava Zebrinha”, recordou. Esse só seria o começo de uma longa história de amor; primeiro, pelos gatos. “Sempre fui gateira”, destacou. E não demorou muito para que o mundo canino também tomasse conta do seu coração.
Atualmente, Gisele e o marido dividem o espaço da casa com sete gatos e dois cachorros. Os felinos Piche, Mel, Nina, Pedro, Fred, Tutu e Manoel Eduardo convivem em harmonia, na maior parte do tempo, com as cadelas Sofia e Bombom. Cada um com sua personalidade e manias, são verdadeiros exemplos de convivência e tolerância com o diferente.
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Gisele dedicou boa parte da vida aos animais e, hoje, ela e o marido dividem o lar com sete gatos e dois cachorros (Fotos: Flávio Magalhães/A COMARCA) |
O mais bacana é o exemplo de cidadania de Gisele. Os animais ou foram adotados, após um passado de sofrimento, ou chegaram até ela. Ou seja, não foram comercializados. “A única de raça é a Shih Tzu, Sofia, que era da minha mãe”, disse a assessora, ao explicar que a mãe não vive mais no Brasil.
Apesar das diferenças entre gatos e cães, todos têm superação como sobrenome. “A Bombom foi resgata pela ONG Vida, há dois anos, vítima de maus-tratos”, afirmou. Gisele a encontrou em uma feira de adoção, na Praça Rui Barbosa, no Centro da cidade. Foi amor à primeira vista.
“Ele (o Frajola) apareceu em casa. Não se sabe a procedência. Já a Nina, apertaram a campainha e deixaram numa caixinha. Era recém-nascida”, descreveu. Na época, o miado incessante, durante três dias, não foi problema. Nina está com o casal há oito anos. E é o xodó do marido, que foi quem encontrou a filhote na porta.
O Piche entrou na vida de Gisele quando ainda atuava como conselheira do Conselho Tutelar de Mogi Mirim. Ela saiu para atender uma denúncia e voltou com o animal. Era sobre o caso de uma criança em situação de risco, que morava com a família em uma barraca, perto da linha do trem. “Mas, chegando lá, não tinha ninguém. Só o gato com o rabo cortado por maldade”, lembrou. Graças à assessora, o felino teve uma nova chance. E, até hoje, ela agradece por ter recebido esse chamado, já que colocaram fogo no local, no dia seguinte.
Agora, o posto de mais velho da casa passou de Frajola para Mel. A gata é a menor dos demais, porém a mais ativa. O comportamento acabou rendendo o apelido de “vigia”, por ficar no portão do imóvel. E o turno da Mel tem horário: sempre das 19h às 22h. Gisele expande amor. Além de cuidar dos seus “filhos de patas”, todos os dias, pela manhã e à noite, ela coloca um pote de água e outro de ração, na esquina da sua calçada, para os animais de rua ou que costumam transitar pelo bairro. “Todos são especiais”, reforçou.
Gisele e o gato Pedro (Foto: Flávio Magalhães) |
Emocionada, a assessora contou que já não conseguia comer e dormir direito. Estava sempre à procura do animal, fosse cedo ou tarde, por conta das várias ligações que recebia. “Muita gente ajudou e eu ia até o local porque queria encontrar o Pedro”, disse. Até que, um dia, ela recebeu uma ligação do vereador com quem trabalha, Manoel Eduardo Palomino, o Mané, também engajado na causa animal, dizendo que havia encontrado o Pedro.
O parlamentar chegou até o bichano após ser acionado por uma funcionária de um estabelecimento comercial, situado à Avenida Brasil. “Ela falou que resgatou o gato de dentro de um bueiro e acreditava ser o meu animal perdido”, contou Gisele. Como a assessora não estava na cidade, Mané foi até o local e fez um vídeo do gato para encaminhar à colega. As imagens descartaram qualquer dúvida: não era o Pedro. “A cor era diferente. O Pedro é mais clarinho, enquanto o outro era amarelo”, completou a assessora.
Para não deixá-lo na rua, o gato foi levado por Mané até seu imóvel, onde outros animais já são acolhidos. A divulgação nas redes sociais do felino resgatado não teve sucesso. Algumas pessoas até chegaram a verificar, contudo ninguém acabou se apresentando como o dono do bichano, de fato. Então, ele foi colocado para adoção. “Não aguentei e acabei adotando”, declarou.
Nesse meio tempo, Pedro ainda não tinha aparecido. Gisele é praticante do Budismo, no entanto, disse ter encontrado um apoio no Reiki, por meio de uma conhecida, para superar toda a ansiedade da difícil fase. O Reiki é um sistema natural de cura através da transmissão de energia. Pode ser aplicado às plantas, animais, comida, água e dirigido ao Planeta Terra. “Era como um mantra. Eu canalizava essa energia para ele voltar”, esclareceu.
Felizmente, e misteriosamente, Pedro retornou; apareceu na garagem de casa, depois de dez dias do resgate do seu mais novo parceiro. Como já diz o dotado popular, há mal que vem para o bem. Se não fosse o sumiço de Pedro, Manoel Eduardo, nome dado em homenagem ao vereador Mané, não teria um lar. “No fim, ele ficou meu também. Foi a melhor coisa que eu fiz. Ele é maravilhoso, amado, super dócil e brincalhão”, celebrou Gisele.
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