Os funcionários da Santa Casa de Misericórdia decretaram Estado de Greve em assembleia realizada na tarde de ontem, 23. Os trabalhadores, amparados pelo Sindicato de Saúde de Campinas e Região, reivindicam o pagamento do 13º salário, que até agora não foi depositado pela direção do hospital.
A mais recente crise da Santa Casa afeta 700 funcionários de todos os setores, com exceção do corpo clínico. São trabalhadores das áreas de Enfermagem, Recepção, Almoxarifado, Limpeza, Cozinha, Nutrição e demais áreas. Eles recebem os salários com atraso desde junho, época do dissídio, e podem cruzar os braços a partir do dia 10 de janeiro se não receberem o 13º.
De acordo com a diretora regional do SinSaúde, Isilda Grassi Cola Choquetta, a direção da Santa Casa alega falta de recursos para honrar o compromisso com os trabalhadores. “Eles disseram que devem pagar o restante dos salários no dia 23, juntamente com as férias vencidas, mas afirmam que o 13º só em janeiro e ainda assim, se conseguirem empréstimo bancário”, explica ela.
Cansados de esperar, os trabalhadores realizaram uma assembleia na segunda-feira, 19. Na ocasião, optaram por uma greve que teria início ontem. No entanto, a Santa Casa fez uma nova proposta: parcelar o 13º em oito vezes. Considerando a sugestão indecente, os representantes do SinSaúde nem colocaram a ideia em votação. Ontem, o sindicato fez uma nova intermediação.
A proposta do SinSaúde foi de adiar a greve até o dia 09, para não afetar o atendimento neste final de ano e para não penalizar os funcionários com uma greve que dificilmente seria resolvida neste final de ano. A sugestão foi aceita por 38 votos a 26 e levada à direção da Santa Casa. Assim, por ora, a greve está descartada.
Diante da pressão dos trabalhadores, a Santa Casa realizou na quarta-feira, 21, o pagamento dos 35% dos salários restantes de novembro, que estavam em atraso. A direção do hospital alega atraso no repasse de verbas federais e municipais como justificativa para o não pagamento em dia das obrigações.
DRAMA
A situação relatada pelos funcionários da Santa Casa para A COMARCA é dramática. Por isso a proposta de parcelamento do 13º em oito vezes foi recebida com ironia e insatisfação. “Isso virou Casas Bahia agora?”, disse uma trabalhadora ao ouvir a proposta de parcelamento do hospital.
Os constantes atrasos pegam os servidores da Santa Casa de surpresa, uma vez que não há certezas se receberão em dia ou o quanto receberão. “É uma falta de respeito! E culpa de uma má administração do hospital”, afirmou outra funcionária.
Para a reportagem, chegaram relatos de trabalhadores que não tinham mais dinheiro para pagar aluguel, contas residenciais, gasolina e, em alguns casos extremos, até mesmo o leite dos filhos mais novos. “Chega uma hora que não dá mais”, desabafou uma das servidoras.
“Os funcionários são penalizados duplamente, pelos salários atrasados e como usuários do próprio sistema de Saúde”, afirmou o diretor jurídico do Sindicato de Saúde, Paulo Gonçalves. A reportagem de A COMARCA optou por não revelar os nomes dos funcionários que concederam entrevista afim de preservá-los de eventuais retaliações.