Terminou nesta semana a greve dos servidores públicos municipais, após 29 dias de paralisação. O movimento paredista foi o mais longevo de que se tem notícia em Mogi Mirim. Apesar de mantido o índice de 2% de reajuste geral, houve a conquista de R$ 50 no cartão alimentação, que agora será de R$ 350, e do abono a ser pago em parcela única.
Para muitos, é uma vitória. Aos que ganham um salário mínimo, o abono de R$ 1.000 somado ao cartão alimentação será uma espécie de “14º salário” a ser recebido neste ano. Para outros, a vitória teve gosto de derrota, uma vez que a Administração Municipal se mostrou inflexível quanto ao reajuste de 2%.
Contudo, as maiores mudanças provocadas pela greve não serão percebidas no dissídio deste ano, mas nos próximos. Uma greve tão longa e um embate tão duro com o Poder Executivo local são capazes de mudar a mentalidade da categoria. Se com pouca ou quase nenhuma experiência grevista (o último movimento foi há quase dez anos e durou apenas três dias), os servidores foram capazes de sustentar por um mês um movimento que agiu, pelo que se viu, dentro da legalidade e de maneira organizada, o que poderão fazer daqui em diante?
Muito provavelmente, a época em que esses trabalhadores aceitavam passivamente reajuste zero ou propostas que não consideram minimamente apropriadas ficou para trás. Se os governos municipais, incluindo o atual, agirem com inteligência, jamais repetirão o que a gestão de Paulo Silva (PDT) fez neste ano, isto é, elaborar uma proposta de reajuste de maneira quase unilateral, com pouquíssimo diálogo com o sindicato que representa a categoria.
Mais que isso, o que se viu na greve de 2022, por parte da população em geral, foram mais gestos de apoio do que críticas vazias. Prova também que a comunidade local reconhece a necessidade de se valorizar o servidor público, pois sabe a importância da categoria para o bom funcionamento do município.