Fernando Gasparini
O dia 31 de maio foi de fortes emoções para três professores da Escola Técnica (Etec) Pedro Ferreira Alves. Eles aderiram ao plano de desligamento incentivado apresentado pelo governo estadual e, por isso, se despediram das salas de aula após décadas de relevantes serviços prestados à rede de ensino.
São eles o professor de Matemática, Antônio Sebastião Bordignon, 73 anos de idade e 51 de magistério; o professor de Biologia, Roberto José de Fátima Magalhães, 68 anos de idade e 50 de magistério; e a professora de Língua Portuguesa, Hirlei Felicidade Assunção Magalhães, 65 anos de idade e 38 anos de profissão. Três dos mais gabaritados e experientes professores, em cujas mãos, certamente, passaram diversas gerações de mogimirianos.

A COMARCA acompanhou de perto a discreta, porém comovente homenagem que a direção da escola, colegas professores e alunos prestaram ao trio. “São três professores do mais elevado gabarito que acabamos perdendo. Por sua qualificação, por sua experiência, pelo trato com os demais colegas, já estão fazendo muita falta”, comentou o atual diretor da Etec, André Luiz dos Santos.
A reportagem conseguiu flagrar os últimos minutos de aula de Magalhães e de Bordignon. O primeiro se dirigia a alunos do 1º ano de Logística Integrado ao Ensino Médio e falava sobre a importância da biodiversidade da Amazônia. Bordignon testava conhecimentos de alunos do 2º ano de Administração Integrado ao Ensino Médio (Emad) sobre cálculos do triângulo retângulo.
Todos os alunos, evidentemente, sabiam que era a última participação dos dois mestres e ninguém fez questão de esconder o sentimento de nostalgia que aquele momento lhes causava, que teve direito a uma foto de despedida com os professores.

GRATIDÃO
Durante um intervalo mais prolongado do que ocorreria normalmente, as homenagens prosseguiram, primeiramente na sala dos professores e depois no pátio da escola, com a presença dos alunos. Os três discursaram, deixando aos colegas, funcionários e alunos uma mensagem de gratidão. Foi difícil segurar as lágrimas e a voz embargada, como os próprios homenageados admitiram.
Para A COMARCA, os três expressaram sentimento de que a jornada, apesar de muitas vezes áspera, valeu a pena. “Fiz exatamente aquilo que eu gostaria de ter feito na minha vida, que era ser professora”, afirmou Hirlei. Já Magalhães acrescentou que sai de cena com o sentimento de dever cumprido, observando, porém, que a aposentadoria não representa um fim de linha: “Se Deus quiser, ainda vou fazer muito”.
Bordignon declarou que, se pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo. Revelou que antes de optar pela carreira de professor, concomitantemente havia prestado vestibular e foi aprovado no curso de Agronomia da Escola Luiz de Queiroz, em Piracicaba (USP), e também em Matemática na Unicamp. “Se pudesse voltar atrás nas mesmas circunstâncias, minha opção seria novamente pelo curso de Matemática”, declarou.

